Categoria: Política de acesso aberto

III Relatório: Projeto RDP Brasil – Acesso Aberto a Dados de Pesquisa no Brasil (Relatório do Website)

O terceiro relatório do Projeto RDP refere-se ao desenvolvimento desse site. Atualmente, a maioria do conteúdo fica a cargo do Grupo Nacional RDA do Brasil, porém este site ainda servirá de ponte entre os contatos e o grupo, modificando, assim, a ideia inicial dele. De qualquer forma, se conclui que o maior desafio é reunir as pessoas com interesse em dados de pesquisa de forma a gerar comunidades de práticas, por isso a abertura do grupo no portal RDA que atualmente se desenvolve.

Para acessar o conteúdo do relatório na íntegra, clique aqui.

FAIRsFAIR: um mês de seu lançamento

Este projeto, encabeçado pela Data Archiving and Networked Services (DANS), pretende promover práticas de dados com o princípio FAIR na Europa. O FAIRsFAIR (Fostering Fair Data Pratices in Europe) tem como missão ajudar os órgãos de governança da European Open Science Cloud (EOSC) a fornecer regras de participação alinhadas com a FAIR na EOSC. Essas regras serão projetadas para estabelecer a conformidade dos componentes e práticas do FAIR. Além disso, o FAIRsFAIR propõe abrir e compartilhar todo o conhecimento, experiência, diretrizes, implementações, novas trajetórias, cursos e educação necessários para transformar o princípio FAIR em realidade, visando contribuir para uma mudança de cultura necessária para alcançar uma ampla adoção de práticas justas dentro do EOSC e além.

Pois bem, o projeto completa um mês de existência, e tudo indica que prosperará pelos próximos três anos, quando tem a previsão de encerramento. Foram nos dias 14 e 15 de março que, em Amsterdã, o FAIRsFAIR teve início com uma reunião com mais de 80 pesquisadores membros.

Pesquisadores ambientais, cientistas da área de saúde e alimentos, físicos e cientistas sociais compartilham pelo menos dois aspectos: todos eles conduzem e executam pesquisas e, ao fazê-lo, criam dados. A questão é, como eles podem se certificar de que esses dados sejam Findable (Acháveis), Accessible (Acessíveis), Interoperable (Interoperáveis) and Reusable (Reutilizáveis)? FAIRsFAIR abordará esta questão juntamente com perguntas sobre o FAIRness no nível de software e repositórios, entre outros.

No primeiro dia da reunião inicial, vários parceiros nos projetos relacionados ao FAIRsFAIR delinearam as semelhanças no contexto do EOSC. Representantes de projetos relacionados dentro de diversos domínios científicos e infra-estruturas de pesquisa falaram sobre até que ponto eles estão relacionados ao FAIRsFAIR e como as partes podem unir forças em todos os níveis.

O segundo dia foi sobre discussões aprofundadas: os participantes discutiram o conteúdo de seus pacotes de trabalho uns com os outros. As sobreposições entre os pacotes de trabalho exigem que os parceiros deliberem sua abordagem para implementar os princípios do FAIR. Durante as sessões de discussão, foram feitos planos concretos para o trabalho inicial a ser realizado.

Depois de dois dias intensos com discussões substanciais, tempo para se conhecerem e fazer contatos, ficou claro que o projeto FAIRsFAIR passará por uma jornada de aventura, porém, tudo indica que será uma ferramenta relevante no fomento de novas práticas que valorizem os dados de pesquisa num contexto de Ciência Aberta.

Notícias sobre o projeto podem ser acompanhadas neste link.

Participe do Webinar LIBER: Encontrando e Reutilizando Dados de Pesquisa


Compartilhar dados de pesquisa é uma prática cada vez mais incentivada por instituições e comunidades de pesquisa. Nesse viés, no dia 11 de Abril de 2019, ocorrerá o Webinar LIBER, no horário das 10h (de Brasília). Esta webconferência contará com a participação de Kathleen Gregory (DANS), que apresentará uma visão geral de pesquisas recentes que investigam como pesquisadores e bibliotecários se engajam em práticas para encontrar, entender e reutilizar dados de pesquisa.

A LIBER é a Ligue des Bibliothèques Européennes de Recherche (Associação das Bibliotecas Europeias de Pesquisa, em tradução livre), que objetiva ser a voz da comunidade de bibliotecas de pesquisa da Europa. Sua missão é capacitar pesquisas de classe mundial, representando os interesses das suas instituições, suas universidades e seus pesquisadores em várias áreas-chave. Cerca de 450 bibliotecas fazem parte da LIBER.

Neste Webinar, Kathleen Gregory fornecerá dicas para encontrar dados de pesquisa, sendo esta uma oportunidade para os participantes considerarem o que esta pesquisa significa para o desenvolvimento de serviços em suas próprias organizações.

Políticas, ferramentas e programas de treinamento estão sendo desenvolvidos para auxiliar pesquisadores e provedores de dados a disponibilizar dados de maneira a otimizar a localização, acessibilidade, interoperabilidade e reusabilidade dos dados (ou seja, de acordo com os princípios do FAIR). Uma das promessas que impulsionam tanto o compartilhamento de dados quanto o desenvolvimento de políticas é que os dados compartilhados podem e serão descobertos e reutilizados; mas os usuários (pesquisadores, bibliotecários, estudantes) estão descobrindo esses dados? E se eles estão encontrando, (como) eles estão reutilizando-os?

Este webinar é  organizado pelo Grupo de Trabalho de Gerenciamento de Dados de Pesquisa da LIBER. Para mais informações, acesse a página do evento. A inscrição é possível através de um formulário de inscrição online.


Dataset Search: nova ferramenta de busca para dados científicos é lançada pela Google

Ainda em versão beta, a Google lançou recentemente uma ótima opção que objetiva facilitar o acesso da comunidade acadêmica a um conjunto de dados de pesquisa, que em geral estão espalhados em repositórios online. Dentre os repositórios que a Dataset Search tem acesso a dados completos de diversos tipos de estudos estão agências governamentais, bibliotecas digitais, sites de editoras ou páginas pessoais de cientistas.

Esse serviço vem para ampliar ainda mais os recursos da Google para a comunidade acadêmica e científica. Antes, já havia o Google Acadêmico, porém verificou-se que havia demanda para uma ferramenta que buscasse especificamente dados de pesquisa.

Segundo a pesquisadora em inteligência artificial da Google, Natasha Noy, existe um foco em dados de ciência ambiental, ciências sociais e de pesquisa governamental, porém, à medida que a Dataset Search se torne mais popular, a tendência é que a quantidade de conjuntos de dados disponível aumente.

Existe o fomento a que os fornecedores de dados utilizem o padrão aberto desenvolvido pela empresa para fazer uso do compartilhamento; é mais uma opção que auxilia o fazer científico para que as informações e dados se tornem cada vez mais acessíveis e para uma gama de pesquisadores cada vez maior.

II Relatório: Projeto RDP Brasil – Acesso Aberto a Dados de Pesquisa no Brasil (Práticas e Percepções dos Pesquisadores)

Após a conclusão do I Relatório do nosso projeto, está terminado também o segundo. Intitulado “Práticas e Percepções dos Pesquisadores”, traz 91 páginas de dados obtidos através de uma pesquisa tipo survey, onde os pesquisadores foram contatados via e-mail e lhes foi pedido que respondessem o questionário “Práticas e percepções sobre acesso aberto a dados de pesquisa”, que continha 27 questões e foi respondido por 4.703 pessoas.

Dentre os principais resultados, demonstra-se que 49,36% dos respondentes nunca havia utilizado dados compartilhados, enquanto 23,49% nunca compartilharam dados, contra 53,79% que mantêm essa prática. Ainda, nota-se que 58, 41% dos respondentes apontaram não ter à sua disposição um repositório institucional para compartilhamento de dados de pesquisa. Pode-se concluir que a prática de compartilhamento total e irrestrito ainda não é algo comumente aceito, embora tenha certa receptividade.

Ficou interessado? Clique aqui e leia o II Relatório na íntegra.

Para tornar o código científico mais aberto: Code Ocean

Este post tem o intuito de apresentar ao nosso leitor uma ferramenta cuja missão é tornar o código científico mais reutilizável, executável e reproduzível: falamos do Code Ocean, uma plataforma de reprodutividade computacional baseada em nuvem, inventada como parte do Programa de Pós-Graduação em Startups de Runway 2014 no Instituto Jacobs Technion Cornell. Ela fornece aos pesquisadores e desenvolvedores uma bandeira fácil de compartilhar, descobrir e executar códigos publicados em revistas acadêmicas.

Cada vez mais as pesquisas de hoje incluem código de software, análise estatística e algoritmos que não estão incluídos na publicação tradicional, mas que são muitas vezes essenciais para reproduzir os resultados da pesquisa e reutilizá-los em um novo produto ou pesquisa. Isso cria um grande obstáculo para os pesquisadores e serviu de inspiração para a criação da plataforma.

Pela primeira vez, pesquisadores, engenheiros, desenvolvedores e cientistas podem fazer upload de códigos e dados em qualquer linguagem de programação de código aberto e vincular o código de trabalho em um ambiente computacional com o artigo associado gratuitamente. A Code Ocean atribui um Identificador de Objeto Digital (DOI) ao algoritmo, fornecendo uma atribuição correta e uma conexão com a pesquisa publicada.

A plataforma fornece acesso aberto ao código de software publicado e dados para visualizar e baixar para todos gratuitamente. Uma grande sacada é que os usuários podem executar todo o código publicado sem instalar nada em seu computador pessoal . Tudo é executado na nuvem em CPUs ou GPUs de acordo com as necessidades do usuário. Isso facilita a alteração de parâmetros, a modificação do código, o upload de dados, a execução e a alteração dos resultados.

Recentemente, a Code Ocean venceu o Prêmio Inovação em Publicação na ALPSP 2018.

 

I Relatório: Projeto RDP Brasil – Acesso Aberto a Dados de Pesquisa no Brasil (Repositórios brasileiros de dados de pesquisa)

A primeira etapa do projeto Rede de Dados de Pesquisa Brasileira (RDP Brasil) foi concluído. Trata-se do primeiro relatório do projeto, um documento de 19 páginas que objetivou tanto identificar repositórios brasileiros que disponibilizam dados de pesquisa, quanto levantar características relacionadas à abrangência, à temática, aos padrões de metadados e aos softwares utilizados.

O Re3data, que já foi tema de postagem aqui neste site, foi utilizado como fonte principal de informação. Foram identificados 15 repositórios, sendo quatro de abrangência internacional (envolvendo várias instituições), sete de abrangência nacional e cinco de multi-institucional. As políticas dos repositórios foram encontradas em apenas oito dos 15 analisados. Conclui-se não somente que iniciativas institucionais de compartilhamento de dados abertos de pesquisa no Brasil ainda são poucas, mas também que esforços públicos são necessários para consolidar tais iniciativas.

Ficou interessado em saber os detalhes? Clique aqui e acesse o relatório na íntegra.

DataPaper: um documento designado a fornecer dados de pesquisa

Reunir informações sobre um determinado assunto, afim de facilitar a busca por dados de pesquisa específicos, abrangendo-os numa publicação para auxiliar o pesquisador. O DataPaper é, via de regra, uma publicação que apresenta, explica e disponibiliza um banco de dados, preparando, organizando e descrevendo-o. Um DataPaper é um documento de metadados pesquisável, que descreve um determinado conjunto de dados ou um grupo de conjuntos de dados, publicado na forma de um artigo, revisado por especialistas, em um periódico acadêmico. Ao contrário de um artigo de pesquisa convencional, o objetivo principal de um documento de dados é descrever os dados e as circunstâncias de sua coleta, em vez de relatar hipóteses e conclusões.

A criação de metadados claros e informativos é um passo essencial para um maior aproveitamento desses dados. É trabalhoso fazê-lo, por isso muitas vezes alguns conjuntos de dados são publicados com metadados mal documentados ou, ainda pior, sem metadados. Nesse contexto, o DataPaper ajuda a superar as barreiras à criação de metadados, fornecendo um reconhecimento claro de todos os envolvidos na coleta, gerenciamento, curadoria e publicação de dados.

Otimizar o uso dos recursos disponíveis é uma vantagem, além de proporcionar que o pesquisador possa começar seu trabalho a partir de pesquisas de outros profissionais, fazendo-se valer dos dados acumulados para iniciar do ponto em que se parou de pesquisar – o que significa economia de tempo, dinheiro e energia. Os DataPapers estão em sintonia com o movimento OpenScience, acreditando ser de imenso valor disponibilizar os dados para o público.

I LATmetrics e a altmetria no contexto da Open Science

Os dados de pesquisa são cada vez mais reconhecidos como uma saída importante da pesquisa acadêmica, no entanto, ainda não existem métricas de dados de pesquisa padronizadas ou abrangentes, como existem nos artigos. Enquanto os padrões de citações de dados estão sendo construídos e ganhando a adoção pelo usuário, ainda não há métricas de uso (visualizações, downloads) de dados. Além disso, as citações de dados ainda não são contadas e agregadas em métricas claras, como é feito para artigos.

Sobre essa temática, entre os dias 28 e 30 de novembro de 2018, a cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, receberá a primeira edição do LATmetrics – Altmetria e Ciência Aberta na América Latina. O evento internacional será realizado no Núcleo de Biomassa da Universidade Federal Fluminense (UFF) e visa promover o debate sobre o uso de métricas alternativas para a circulação da ciência e práticas científicas abertas no território latino-americano.

O I LATmetrics surge em um momento de efervescência tanto para a comunicação científica quanto para a geografia da ciência. Mídias sociais e outros espaços digitais têm sido cada vez mais usados por pesquisadores e instituições para o compartilhamento de suas pesquisas com a sociedade, mudando a forma como medimos o impacto social da produção acadêmica. Novas oportunidades e uma série de desafios se impõem aos países periféricos, visto que a cobertura e a qualidade dos dados sobre métricas alternativas não costumam ser compatíveis com as dinâmicas da comunicação científica desenvolvidas nesta região.

Diante desse panorama instigante, pesquisadores de diversas áreas do conhecimento se reunirão pela primeira vez para compartilhar os avanços da pesquisa sobre altmetria e da ciência aberta no contexto latino-americano. Voltado para pesquisadores, avaliadores da ciência, agentes de decisões de políticas públicas, bibliotecários, instituições de pesquisa, estudantes e demais interessados, o I LATmetrics discutirá temas relacionados à circulação científica nos espaços sociais digitais, à cobertura de dados e ao impacto da ciência para a sociedade.

Entre os eixos temáticos, pretende-se discutir questões relacionadas à:

– Cobertura de dados na América Latina
– Ciência aberta na América Latina
– Métricas alternativas (altmetrics) na América Latina
– Circulação e divulgação científica
– Ciência e sociedade – interações públicas com a ciência
– Políticas públicas e políticas científicas
– Estudos bibliométricos e avaliação da produção científica
– Aquisição de financiamento
– Construção de colaborações de pesquisa internacionais
– Avaliação da produção científica em línguas não-inglesas
– Artes e humanidades: avaliação dos resultados da pesquisa não
tradicional

Para além dos debates, o evento será pioneiro na consolidação de uma comissão latino-americana de especialistas em altmetria. A partir dessa iniciativa, pretende-se construir ferramentas e estratégias para viabilizar a aplicação dessa corrente de mensuração na avaliação de pesquisas na região, trazendo resultados efetivos e atualizados sobre os benefícios da pesquisa científica para suas nações.

Ficou interessado? Interessados em participar dos grupos de trabalho e/ou apresentação de painéis e pôsteres deverão enviar um resumo expandido da pesquisa (título, 250-500 palavras e até cinco palavras-chave) até o dia 20/07. Clique aqui para acessar o formulário para submissão de propostas.

Quer saber mais? Acesse o site do MakeDataCount, projeto que visa determinar quais métricas de dados oferecem mais valor para a comunidade científica.

 

Sobre o re3data.org

Algo que certamente ajuda a dar maior dinamismo ao pesquisador é encontrar um repositório de dados compatível com o assunto da sua pesquisa. O site re3data.org é um catálogo internacional de repositórios de dados e a melhor fonte atualmente para achar repositórios.  Essa ferramenta permite que se encontre os repositórios mais adequados para a especificidade que a pesquisa exige e oferece informações detalhadas de mais de 2.000 repositórios de dados de pesquisa nacionais e internacionais. Nele, metadados são coletados de repositórios especializados no armazenamento de dados de pesquisa. O Brasil tem sete repositórios mapeados até o momento.

Seu nome completo é Registry of Research Data Repositories e teve início em maio de 2013, utilizando-se da ideia de Ciência Aberta, de acordo com o Creative Commons, cobrindo todas as áreas do conhecimento acadêmico. Um repositório é indexado quando os requisitos mínimos para inclusão no re3data.org são atendidos: o repositório deve ser executado por uma entidade legal, como uma instituição sustentável (por exemplo, biblioteca, universidade), e ter condições de acesso de estado aos dados e repositório, bem como dos termos de uso. Além disso, é necessária uma interface gráfica do usuário em inglês (GUI).

O re3data.org é um projeto conjunto da Escola de Biblioteconomia e Ciência da Informação de Berlim e da Biblioteca do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe (KIT). O projeto é financiado pela Fundação Alemã de Pesquisa (DFG).

Com dificuldades para utilizar a ferramenta? Clique aqui e acesse um tutorial.

O que são dados de pesquisa?

Fundamentais para o andamento de uma pesquisa acadêmica, os dados de pesquisa são os registros factuais usados como fonte primária para a realização desta. É imprescindível que o pesquisador os obtenha e utilize, pois são eles que dão credibilidade ao trabalho, sendo vistos como necessários para validar os resultados da pesquisa científica. Os dados de uma pesquisa são, portanto, observações documentadas e podem ser auferidos pela percepção através dos sentidos ou pela execução de um processo de medição.

São muitas as possibilidades de formatos de um dado de pesquisa, além da forma como eles podem ser obtidos. Documentos, planilhas, cadernos de laboratório, diários de campo, questionários respondidos, transcrições de entrevistas, slides, amostras, filmes, fotografias, scripts, softwares ou arquivos de log são exemplos do que podem ser os dados de pesquisa. Estes podem ser alcançados, também, a partir de algumas alternativas, tais quais a observação e a simulação, ou então através de experimentos ou ainda procedimentos computacionais.

Pode-se dizer que os dados de pesquisa são o alicerce do conhecimento científico, sem o qual a pesquisa ficaria desacreditada. Logo, são relevantes também espaços que sirvam como banco de dados de pesquisa – repositórios de dados – disponíveis, em especial, para os pesquisadores (mas também para o público em geral). Isso permite que novos avanços no conhecimento científico e tecnológico venham com mais naturalidade, visto que a descrição dos métodos utilizados nas pesquisas sempre foi um elemento crucial no processo científico.

Dado o crescente número do volume de dados de pesquisa, a sua preservação e gestão digital se faz importante e requer a consolidação de políticas globais, governamentais e institucionais que deem sustentação e estímulo a essa prática, a fim de guarnecer  garantias de acesso íntegro ao conjunto de dados que embasam as pesquisas científicas.

 

PARA SABER MAIS:

UNIVERSITY OF CAMBRIDGE. Research Data Management Guide. Disponível em: < https://www.data.cam.ac.uk/data-management-guide/organising-your-data#Naming > Em inglês; Acesso em 13 de junho de 2018.

FADESP. Plano de Gestão de Dados. Disponível em: < http://www.fapesp.br/gestaodedados >Acesso em 13 de junho de 2018.

DUDZIAK, Elisabeth. Dados de Pesquisa agora devem ser armazenados e citados.  2016. Disponível em: <http://www.sibi.usp.br/?p=6189> Acesso em: 13 de junho de 2018.

Faltam três dias para o término da votação de desafios para o 4º Plano de Ação Nacional

Encerra-se nesta quinta-feira, dia 14 de junho, o prazo para votação do desafio que fará parte do 4º Plano de Ação Nacional, no âmbito da Parceria para Governo Aberto – Open Government Partnership (OGP). Foram três desafios alavancados durante a primeira oficina de cocriação sobre o tema “Inovação e governo aberto na ciência”, com participação paritária de representantes do governo e da sociedade civil especialistas na área.

O desafio que for escolhido será debatido na segunda oficina de cocriação, onde será definido o compromisso que comporá o 4º Plano de Ação, com definição de estratégias e atividades para sua concretização. Tal compromisso deverá ser específico, mensurável, relevante, factível e delimitado no tempo. Ao final da segunda etapa, cada grupo deverá definir o compromisso brasileiro no tema, os atores responsáveis por sua implementação e execução, bem como os prazos, as ações e os marcos para monitoramento.

A Parceria para o OGP é uma iniciativa de nível internacional que objetiva incentivar globalmente práticas relacionadas à transparência dos governos, ao acesso à informação pública e à participação social. Cada país participante deve desenvolver um Plano de Ação onde especifica quais são os seus compromissos. O Brasil, que é membro-fundador dessa iniciativa, está na fase final de execução do 3º Plano de Ação e em processo de elaboração do 4º Plano.

Para participar da votação deve-se acessar o formulário online através deste link: https://formularios.cgu.gov.br/index.php/839233?lang=pt-BR. O acesso só é possível por meio dos navegadores Mozilla Firefox e Google Chrome.

Manifesto de Acesso Aberto a Dados da Pesquisa Brasileira para Ciência Cidadã

Manifesto de Acesso Aberto a Dados da Pesquisa Brasileira para Ciência Cidadã

Em 28 de setembro de 2016 foi lançado o Manifesto de Acesso Aberto a Dados da Pesquisa Brasileira para Ciência Cidadã. Ao lançar este Manifesto[1], o IBICT dá continuidade e amplia a sua política de apoio ao acesso aberto/livre à informação científica no Brasil, cujo ponto de partida foi o lançamento do manifesto de 2005, que formalizava a adesão ao movimento que começou na Europa, no início dos anos 2000. Nessa direção, o IBICT estende a sua visão sobre o acesso aberto, e reconhece os dados de pesquisa como um recurso imprescindível para as ações de Ciência Aberta, Ciência para todos, Ciência Cidadã.

O Manifesto de Acesso Aberto a Dados da Pesquisa Brasileira tem por objetivo demonstrar o seu valor estratégico e informacional e estimular e apoiar movimentos e iniciativas para Ciência Aberta no Brasil, traduzidos pelo amplo e irrestrito acesso a fontes primárias de pesquisa utilizadas por pesquisadores e outros segmentos sociais, possibilitando o compartilhamento, reprodutibilidade, verificação, avaliação, reutilização e redistribuição em novos contextos e em pesquisas colaborativas e interdisciplinares.

As fontes de dados de pesquisa incluem um amplo, diversificado e heterogêneo espectro de documentos, na maioria dos casos em formatos digitais. Esses materiais de pesquisa, únicos, não são disseminados juntamente com artigos de periódicos, comunicações de congresso e publicações em geral, e ficam inacessíveis aos demais pesquisadores e sociedade. Assim, a implantação de infraestruturas que permitam a seleção, o arquivamento e o acesso a dados de pesquisa possibilitará, além de sua reutilização e geração de novos conhecimentos, a transparência das pesquisas, sua maior efetividade, credibilidade dos resultados, visibilidade e impacto.

Este manifesto é dirigido aos institutos de pesquisa e universidades, que reúnem pesquisadores e cientistas brasileiros responsáveis pela geração de conhecimento; às sociedades científicas e academias de ciência do Brasil, que congregam a comunidade científica do país; aos órgãos de fomento à pesquisa e desenvolvimento, que sustentam as pesquisas e pesquisadores brasileiros; aos editores de revistas ou periódicos científicos, que publicam artigos com resultados de pesquisas; aos cursos de pós-graduação e graduação nas áreas de informação, principais responsáveis pela gestão de dados de pesquisa e curadoria digital; aos gestores e executores de programas e projetos de dados de pesquisa, tais como especialistas em Ciência da Informação e Ciência da Computação, profissionais de informação em geral, incumbidos da curadoria digital de repositórios de dados de pesquisa, no seu registro, processamento e recuperação para acesso e uso; e aos pesquisadores que são os motores da geração de novos conhecimentos científicos.

Neste manifesto são reconhecidas as especificidades dos distintos campos do conhecimento, de acordo com sua natureza e, portanto, exigências próprias, além da necessidade de diagnósticos para conhecimento das iniciativas de dados de pesquisa abertos, ainda em pequeno número e dispersos em nosso país. A finalidade é realizar estudos e pesquisas para análise e seu aproveitamento, de modo a evitar desperdícios de projetos já em andamento e bem sucedidos, assim como a duplicação de esforços. Nesse processo são prioritárias as pesquisas desenvolvidas com recursos públicos e a garantia de respeito às restrições legais ou éticas e aos direitos da propriedade intelectual de todas as partes envolvidas.

Para que todas as questões levantadas inicialmente neste Manifesto tornem-se realidade são necessárias e fundamentais infraestruturas políticas, tecnológicas e informacionais, capazes de garantir dados de pesquisa por meio de sistemas de curadoria, preservação, arquivamento e compartilhamento de coleções de dados de pesquisa, em sustentabilidade contínua, permanente. A execução desse processo exige gestão dinâmica que abranja todo o ciclo de vida dos dados de pesquisa, cujo ponto focal são os repositórios digitais de dados de pesquisa.

Dados de pesquisa transitam em diferentes instâncias e o presente Manifesto, às quais é dirigido, recomenda diretrizes gerais:

Às universidades e institutos de pesquisa brasileiros:

  • formular políticas institucionais mandatórias para assegurar que os dados de pesquisas gerados por seus pesquisadores sejam apropriadamente gerenciados, tendo em vista o acesso aberto, considerando que são produtos de pesquisa desenvolvidos com recursos públicos;
  • estimular pesquisas colaborativas e interdisciplinares e constituir redes de trabalho colaborativo;
  • incorporar dados de pesquisa na memória acadêmica;
  • estimular e apoiar ações de Informática e de informação para desenvolvimento de repositórios de dados de pesquisa e de outras infraestruturas necessárias à curadoria das coleções de dados de valor reconhecido;
  • adotar hardware e software abertos e outras ações que proporcionem a interoperabilidade tecnológica;
  • recomendar aos pesquisadores e profissionais de informação, como os bibliotecários, por exemplo, a elaboração de plano de gestão de dados de pesquisa para os dados gerados, segundo os padrões adotados para a área disciplinar específica; e
  • publicizar e facilitar o acesso aos dados de pesquisa , a fim de que a sociedade e o cidadão tomem conhecimento do que é produzido na ciência e seus benefícios.

Às sociedades cientificas e academias de ciência:

  • desenvolver estratégias de apoio às iniciativas de Ciência Aberta e estimular a adesão de institutos de pesquisa e universidades aos dados de pesquisa abertos;
  • promover eventos e discussões no meio científico sobre a importância do acesso e uso dos dados de pesquisa , com a finalidade de evidenciar a sua relevância para os avanços da ciência; e
  • incorporar dados de pesquisa como memória científica.

Aos órgãos de fomento à pesquisa:

  • estabelecer políticas de longo prazo que garantam o desenvolvimento e a subsequente estabilidade e sustentabilidade das infraestruturas tecnológicas e gerenciais de gestão de dados de pesquisa no país;
  • incentivar e criar mecanismos de recompensas e estabelecer ações mandatórias, nas suas políticas de fomento a pesquisas, para adesão ao acesso aberto a dados de pesquisa nos projetos submetidos a apoio financeiro e bolsas; e
  • apoiar a criação de novos espaços para pesquisas colaborativas, cooperativas e interdisciplinares, visando a colaboração equitativa nas pesquisas.

Aos editores de revistas ou periódicos científicos para:

  • incluir, na política editorial, a necessidade de registro de dados de pesquisa em repositórios abertos, assim como na orientação aos autores;
  • exigir que os dados usados nas suas publicações sejam devidamente identificados, citados e incluídos na lista de referências;
  • criar facilidades, nos softwares adotados para a gestão eletrônica do processo editorial , de inclusão de dados de pesquisa abertos; e
  • vincular, por meio de hiperlinks, os dados às publicações correspondentes.

Aos cursos de pós-graduação e graduação nas áreas de informação, em especial Ciência da Informação:

  • promover cursos e treinamentos para profissionais de informação, em especial bibliotecários, que devem colaborar com os pesquisadores ou realizar o registro de dados de pesquisa no sistema e assumir a gestão de dados de pesquisa; e
  • capacitar esses profissionais para curadoria digital de dados de pesquisa.

Aos gestores e executores de programas e projetos de dados de pesquisa, especialistas em Ciência da Informação e Ciência da Computação e profissionais de informação em geral para:

  • assumir a curadoria digital de repositórios de dados de pesquisa, no seu registro – incluindo identificação persistente –, processamento e recuperação de dados para acesso, uso e citação;
  • adotar medidas para proteger a confidencialidade dos dados sensíveis, como anonimização, adotar padrões éticos e observar os direitos associados aos dados;
  • participar de cursos e treinamento para capacitação na gestão de dados de pesquisa e curadoria digital; e
  • compreender que quem coleta ou gera os dados tem o direito de usá-los em primeiro lugar.

Aos pesquisadores:

  • facilitar a avaliação do sua produção científica, por meio do acesso aos dados e transparência na geração e análise desses dados, de forma que sua pesquisa e conclusões possam ser testadas e replicadas;
  • adotar padrões éticos, legais, especialmente em relação à privacidade e à confidencialidade, observar os direitos associados e citar apropriadamente os dados que porventura reusem no seu trabalho de pesquisa; e
  • elaborar, em colaboração com o bibliotecário, plano de gestão de dados de pesquisa para os dados gerados ou coletados na sua pesquisa.

O IBICT, ao lançar este Manifesto, assume a responsabilidade, no âmbito de sua missão, do desenvolvimento de ações de apoio e incentivo à adesão e iniciativas visando a Ciência Aberta, na convicção de que o conhecimento é um bem público e a “inclusão cognitiva” é fundamental para a justiça social.


[1] Fontes básicas para a elaboração deste Manifesto: CHAN, Leslie; Why a manifesto para open science.Bangkok: National Innovation Agency, 2016. Disponível em: http: www.ocsdnet.org | CITEC. Cognitive Interaction Technology. Open science manifesto. Bielefeld: Bielefeld University, 2016. Disponível em: https://www.cit-ec.de/en/content/open-science-manifesto-0 | LIINC em revista. Novos paradigmas da comunicação científica: ampliando o debate. IBICT- Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, UFRJ-Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, 2012. Disponível em: http://liinc.revista.ibict.br/index.php/liinc/issue/view/40 | NATIONAL SCIENCE BOARD. Long-lived digital data collections: enabling research and education in the 21st century. National Science Foundation, Sept. 2005. Disponível em:<http:// www.nsf.gov/pubs/2005/nsb0540/nsb0540.pdf> | SAYÃO, Luís Fernando; SALES, Luana Farias. Dados de pesquisa: contribuição para o estabelecimento de um modelo de curadoria digital para o país. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v. 6, n. 1, 2013.

Data da Notícia: Oct 03, 2016 02:15 PM. Disponível em: http://www.ibict.br/Sala-de-Imprensa/noticias/2016/ibict-lanca-manifesto-de-acesso-aberto-a-dados-da-pesquisa-brasileira-para-ciencia-cidada